Resolvi ler este livro por indicação de um vlog literário que costumo acompanhar, para aproveitar as férias e ler o máximo possível antes de voltar às aulas. Nunca tinha lido um livro do Neil Gaiman, apesar de já ter ouvido muito meus amigos comentarem de sua série de quadrinhos, Sandman. Depois de ler, descobri que a história foi construída, originalmente, para ser apenas um conto, o que explica o tamanho do livro (a 1ª edição [2013] em português tem apenas 205 páginas).
A história trata de uma lembrança da infância do personagem principal que, após a cerimônia de um funeral, resolve visitar a casa em que morava quando criança, mesmo sabendo que ela já havia sido demolida há muitos anos. Movido por curiosidade ele acaba seguindo a estrada que o levava até a antiga casa e encontrou uma fazenda que havia sido especial na vida dele quando tinha 7 anos.
O personagem narra os acontecimentos da época de forma com que suas impressões e seus sentimentos quando criança fossem expostos, fazendo com que consigamos entender as atitudes dele, ainda que muitas vezes não concordemos com ele. Vale lembrar que a infância do garoto foi na década de 1960 na Inglaterra, tendo como fundo um cenário interessante sem muita tecnologia e que remete de fato à um tempo sereno e nostálgico. Durante a parte mais difícil da história é estranho lembrar que se trata de uma criança de apenas 7 anos, pois nesse ponto são relatadas decisões que, para mim, são extremamente maduras; mas pode-se atribuir à isso o fato dele ter tido que amadurecer um pouco mais precocemente do que a maioria das pessoas que conheço.
A presença de seres 'sobrenaturais' é o problema e a salvação do garoto. A natureza exata desses seres não é explicitada mas os seus efeitos são aprofundados no livro e cria um contexto muito divertido quando já se está no fim do livro. Com certeza, a parte que mais gostei foi essa 'magia' (que, na verdade, é tratado mais como uma forma de conhecimento ou ciência) secreta de formas novas. O gosto de infância também é algo forte, mesmo para leitores que, como eu, nasceram na década de 1990: aquele sabor doce de não ter muitas obrigações e uma imaginação fértil combinado com o amargo de não entender muita coisa e ser subestimado pelos adultos.
A edição e revisão pela editora Intrínseca ficou muito boa: achei a capa muito bonita apesar de um pouco assustadora a princípio e não encontrei erros nem problemas com a tradução. É possível encontrar o livro por menos de 20 reais, o que acho que compensa. A leitura me satisfez, pelos segredos e pela sensibilidade, mas a história não é das mais marcantes. De uma escala de 0 a 10, daria um 6,5 para o livro.

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